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No início deste mês, o Facebook anunciou que vai banir deepfakes da plataforma. Esta tecnologia utiliza Inteligência Artificial (IA) para criar vídeos falsos de pessoas fazendo coisas que nunca fizeram na vida real. A técnica já gerou imagens de políticos influentes em discursos fictícios.

A medida do Facebook acontece em pleno ano de eleições presidenciais nos Estados Unidos. 

Ainda que o principal alvo dos deepfakes sejam pessoas públicas, nada impede que pessoa comum seja colocada em situação constrangedora. 

Por esses motivos, a nova tecnologia está gerando muito debates sobre ética e proteção de dados

Mas, os deepfakes também podem ser usados para o bem. A indústria do cinema, por exemplo, utilizou esta técnica para produzir filmes como Projeto Gemini e O Irlandês. O mercado publicitário e educacional também se beneficiam desta ferramenta. 

Neste artigo, explicamos o que são deepfakes e porque você, como pessoa física e jurídica, deveria se importar. 

 

 

 

O que são deepfakes?

 

Os deepfakes são vídeos falsos criados utilizando inteligência artificial e deep learning (aprendizado de máquina). 

A ferramenta foi criada por um usuário do Reddit em 2017 e, desde então, está gerando muitas dores de cabeça para pessoas públicas.

Com o deepfake é possível substituir o rosto e a voz de alguém em um vídeo, sincronizando os movimentos labiais e as expressões faciais. 

No momento, o principal alvo deste tipo de conteúdo são celebridades e políticos. 

Conforme esta tecnologia se desenvolve, os resultados vão ficando cada vez mais realistas e convincentes. Não por menos o uso da nova tecnologia está rendendo boas discussões sobre ética e proteção de dados.

 

 

Por que eu deveria me importar?

 

Este tipo de vídeo já foi utilizado para simular discursos políticos e, até mesmo, disseminar fake news. Mas, de acordo com a Deeptrace, 96% dos deepfakes registrados são pornográficos

No mercado, esta tecnologia também causou alvoroço, quando o clone de um CEO convenceu a gerência de uma empresa a transferir U$243 mil para uma conta hacker. (via Canal Tech)

Em janeiro, a Bitdefender, especialista em segurança cibernética, apontou um possível crescimento do deepfake, tanto para fins políticos quanto para cibercrimes. 

Segundo a instituição, este tipo de conteúdo ganhará força por conta de uma conjunção de fatores. Entre elas, temos:

  1. A eleição presidencial nos EUA, 
  2. O aumento da tensão geopolítica entre países do Ocidente e Oriente Médio; 
  3. E o barateamento do aprendizado de máquina. Saiba mais

 

Como identificar um deepfake?

 

Identificar um deepfake não é tão simples quanto parece. Apesar disso, especialistas afirmam que a inteligência artificial não consegue imitar certos traços humanos

Se você prestar bastante atenção, perceberá padrões como piscadas de olhos estranhas e movimentos bruscos, além de borrões na imagem. 

A coloração é outro fator que diferencia os vídeos falsos dos vídeos verdadeiros, assim como a fala coordenada com os movimentos da boca

Por enquanto a IA do deepfake não gera rostos tridimensionais, e sim, uma espécie de “máscara” em duas dimensões, que é aplicada sobre a imagem original. 

Em todo o mundo, pesquisadores estão desenvolvendo soluções para detectar deepfakes, utilizando as mesmas tecnologias que geram os conteúdos falsos.

 

Existe alguma lei que protege as pessoas dos deepfakes?

 

A melhor maneira de se proteger contra deepfakes é evitando o compartilhamento de vídeos pessoais com desconhecidos. Hospedá-los em redes sociais no modo público também não é indicado. 

Pessoas jurídicas, por sua vez, devem certificar que todo e qualquer conteúdo que possa identificar pessoas esteja armazenado em local seguro. 

No que diz respeito às leis, o Brasil ainda está engatinhando. Este ano, a Lei Geral de Proteção de Dados entrará em vigor. As penalidades são severas para as empresas que não se enquadrarem.

Em todo mundo, diversas empresas estão tomando atitudes isoladas para combater a proliferação de vídeos falsos, inclusive o Google. A instituição disponibilizou um treinamento para que pesquisadores possam testar seus métodos de detecção de deepfakes. 

 

O outro lado da moeda

 

O cenário que vimos até agora é preocupante.  Mas, vale lembrar que esta mesma tecnologia é utilizada pela indústria cinematográfica e pelo mercado publicitário. 

Filmes como Projeto Gemini e O Irlandês empregaram técnicas similares para “rejuvenescer” o rosto de atores. 

 

 

Este tipo de conteúdo também pode ser aplicado em dispositivos de realidade virtual ou em chats, tornando as interações com o usuário mais realistas. Nesse sentido, o marketing tem bastante a ganhar. 

A criação de conteúdo local e traduzido, assim como leves personalizações, possibilitam a obtenção de vídeos variados. Logo, com o deepfake é possível criar diferentes versões de um mesmo filme ou comercial, sem a necessidade de gravá-los várias vezes – o que reduz bastante os custos.

A empresa israelense Canny AI, por exemplo, usa deepfake editar um mesmo vídeo em diferentes idiomas.

Até mesmo as instituições de ensino podem se beneficiar com esta técnica. Já imaginou ter aulas de arte com depoimentos da Monalisa? Ou ainda, aulas de física comentadas pelo Albert Einstein? 

 

 

Produzir conteúdos mais personalizados, interativos e engajantes é o outro lado da moeda do deepfake.

Qual sua opinião sobre o assunto? 

ACP

ACP

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