A Revista do Comércio entrevistou o Governador do Estado do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, a fim de identificar como a agenda ESG está presente nas ações estratégicas de sua gestão. Confira abaixo a entrevista:
Revista do Comércio: Como o senhor enxerga o papel do ESG no cenário atual? Acha que ele já é um denominador comum no planejamento estratégico ou ainda é visto como uma tendência?
Carlos Massa Ratinho Junior: É um conceito muito importante e que pode ser trabalhado de maneira transversal. No Estado, por exemplo, temos a sustentabilidade como um grande marco. O Paraná foi reconhecido nos últimos quatro anos como o estado mais sustentável do Brasil pelo Ranking de Competitividade. Também já fomos citados pela OCDE, a organização dos países mais desenvolvidos do mundo, como exemplo de desenvolvimento sustentável, principalmente pela preservação da água e do solo, além do estímulo às energias renováveis. Nós já plantamos mais de 10 milhões de mudas de árvores, reforçamos a fiscalização ambiental com uso de satélites e reduzimos os índices de desmatamento.
E conseguimos fazer isso com muita responsabilidade porque ao mesmo tempo o PIB do Estado cresce o dobro da média nacional, estamos com a menor taxa de desemprego da última década e a produção agropecuária está em franca expansão sem prejudicar o meio ambiente. O Paraná mostra uma cara verde para o planeta.
Além disso, ESG é uma sigla que também se preocupa com questões sociais e bom ambiente de governança, e nisso o Paraná também se destaca. Temos o 2º melhor índice de segurança alimentar e a 4ª menor desigualdade do País, medida pelo Índice de Gini. Além disso, temos Selo Diamante de Transparência da gestão, o mais alto do País, e chegamos a 2024 com os maiores indicadores de investimento público da história, promovendo qualidade de vida.
RC: De que maneira o Governo incentiva as empresas paranaenses a contribuírem para o cumprimento das metas de sustentabilidade?
CMRJ: Com o compromisso de combater às mudanças climáticas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o Estado tem o Selo Clima Paraná. Ele é o Registro Público Estadual de Emissões de Gases de Efeito Estufa, previsto na Política Estadual de Mudanças Climáticas, e tem como objetivo reconhecer as boas práticas ESG desenvolvidas pelas organizações e empresas. Lançado em 2015, ele já foi entregue para 495 organizações.
Também temos o programa RenovaPR, que estimula a criação de projetos de energia sustentável em propriedades rurais do Paraná, subsidiados pelo Banco do Agricultor Paranaense. O programa apoia as famílias de produtores rurais na implantação de um sistema próprio para geração de energia, seja por meio de placas solares para gerar energia elétrica, ou pelo processamento de biomassas para a produção de biogás e biometano. Desde agosto de 2021, o programa já estimulou o investimento de R$ 4,2 bilhões em 34 mil projetos de energia renovável no Estado.
Além disso, por meio do programa Rota do Progresso, empresas e cooperativas podem utilizar os créditos de ICMS de exportação e diferimento acumulados, para investir nos municípios paranaenses com os menores indicadores do Índice Ipardes de Desempenho Municipal (IPDM). O Governo do Estado está com uma chamada aberta, através do Paraná Competitivo, da Secretaria da Fazenda e da Invest Paraná, para as companhias que tenham interesse em abrir uma nova unidade em alguma das 80 cidades selecionadas.
RC: Quais são os principais projetos e investimentos do Estado com foco nesta temática?
CMRJ: São várias ações. O Paraná Mais Verde tem como objetivo despertar a consciência ambiental e aliar o desenvolvimento ambiental, econômico e social, por meio da produção e plantio de árvores nativas. Desde 2019 já distribuímos 10 milhões de mudas.
Outro projeto é o Parques Urbanos. Viabilizamos 63 unidades em municípios do Interior. Esta linha de ação tem por objetivo recuperar áreas de fundos de vale geralmente degradadas, para preservar os recursos hídricos (rios, canais, córregos e nascentes) e ao mesmo tempo criar espaços de lazer.
Por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento também temos outros grandes projetos, como a preservação de 30 mil nascentes, a distribuição de recursos para pequenas agroindústrias, a compra direta de produtos da agricultura familiar, pavimentação de estradas rurais, e o Banco de Alimentos – Comida Boa, que reduziu a zero o desperdício de alimentos na Ceasa, industrializando produtos e entregando sopas, sucos e extratos diretamente para asilos, creches e casas de passagem.
Além disso temos ações mais macro, como a utilização de novas fontes de energia pela sociedade, principalmente hidrogênio verde e biometano, as PPPs da Sanepar que vão tornar o Paraná o primeiro estado do Brasil a alcançar as metas de saneamento, a criação de uma rede de supercomputadores para pesquisas científicas nas universidades estaduais, a aposta na bioeconomia, com estímulos à produção sustentável.
RC: O que o senhor enxerga como o maior desafio para o avanço da agenda ESG nos próximos anos?
CMRJ: A continuidade das ações. A agenda ESG e a Agenda 2030, da ONU, são muito importantes diante do contexto de mudanças climáticas globais. Nós precisamos trabalhar de maneira estratégica. Colocamos metas de gestão com esse foco no Plano Plurianual e vamos deixar um legado de desenvolvimento sustentável para as próximas gestões. Essa também é uma questão cultural. A nova geração de políticos e de empresários já entendeu seu papel nesse cenário, o que deve promover novas conquistas importantes no futuro.