Na última semana, o Paraná começou a sentir os primeiros impactos da crise do coronavírus.
Para diminuir as chances de contágio, o Governo Estadual decretou medidas de combate, entre elas a suspensão de:
- Visitas a teatros, cinemas, bibliotecas, museus e eventos culturais;
- Eventos públicos ou particulares, de qualquer tipo, para públicos acima de 50 pessoas;
- Aulas em escolas e universidades públicas;
O governador também determinou o fechamento das fronteiras e proibiu a entrada de ônibus de SP, RJ, BA e DF.
Estas ações são por tempo indeterminado.
Em paralelo, alguns municípios anunciaram, por meio de decretos, a restrição ou o fechamento do comércio.
Além disso, muitas empresas também decidiram contribuir para a contenção do vírus, permitindo que seus funcionários trabalhem em casa. Aqui na ACP, já adotamos o home office.
Todas essas mudanças rapidamente impactaram o varejo, os serviços e a indústria. Micro e pequenos empreendedores são os mais vulneráveis.
Os impactos do coronavírus no Paraná
Segundo infectologistas, o isolamento social é a forma mais eficaz de evitar a propagação do Covid-19. Mesmo no segundo país mais afetado do mundo, a Itália, esta medida ajudou a diminuir o registro de novos casos.
Evitar aglomerações é igualmente importante. Por conta disso, várias cidades brasileiras estão definindo suas próprias normas provisórias.
Em Cascavel, por exemplo, os supermercados devem ter um número reduzido de clientes na loja. A quantidade de itens comprados por CPF também será controlada. Farmácias, panificadoras, postos de combustível e outros estabelecimentos devem evitar aglomerações e intensificar a higiene. Os hotéis deverão encaminhar à Prefeitura um relatório de hóspedes todos os dias.
Em Foz do Iguaçu, shoppings e comércios locais foram fechados. Bares, cinemas, museus, teatros, congressos, festas e academias foram suspensos.
O comércio também foi interrompido em Maringá, juntamente com feiras livres e visitas a parques públicos.
Na capital, por enquanto não há nenhum decreto que proíba o comércio. Mesmo assim, vemos muitos lojistas fecharem as portas, a fim de contribuir para a saúde e a segurança da população. Confira nota da ACP sobre o assunto.
A tendência é que a economia de todo o Paraná entre em quarentena.
Como sobreviver à crise do coronavírus?
Diante desse novo cenário, micro e pequenos empreendedores sentem-se expostos.
Como sobreviver a 30, 40 ou mais dias vendendo menos?
Empreendedores do setor de eventos, hoteleiro e de turismo demonstram preocupação, assim como aqueles cujo fluxo de caixa está negativo.
Como ganhar fôlego e atenuar os impactos da crise do coronavírus?
A resposta está na maneira como fazemos negócios. Precisamos estar abertos para o diálogo e precisamos nos reinventar.
Aqui estão algumas sugestões:
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Aposte no eCommerce
Para muitos empreendedores, o eCommerce pode ser uma boa alternativa. A dica é fazer uma leitura do segmento e reposicionar seu produto.
Mas, para suportar uma operação como esta, você precisa ter dinheiro em caixa. Afinal, a implementação gerará custos.
O que leva o eCommerce adiante é a performance. Portanto, utilize a tecnologia para monitorar os resultados. Sistemas de gestão e de CRM são bons aliados.
Outra alternativa são os marketplaces. A Olist, empresa parceira ACP, auxilia lojistas a anunciarem seus produtos na internet, vendendo em múltiplos locais ao mesmo tempo.
Para potencializar seu alcance reforçe a comunicação. Se possível, invista em marketing digital.
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Trabalhe com uma margem segura de preço
Com as vendas suspensas ou reduzidas, o que fazer para diminuir o estoque? Como precificar produtos neste novo cenário?
A dica é trabalhar com uma margem segura de preço, evitando descontos para não prejudicar o caixa futuro.
Ao calcular o custo, considere a matéria prima utilizada. No caso de produtos perecíveis, estes poderão sofrer alterações de preço por conta do abastecimento.
Quanto ao estoque, se o seu fluxo de caixa é preocupante, vale mais a pena vender no custo do que assumir um empréstimo.
Aos micros empreendedores, vale lembrar que a reestruturação do caixa começa pelas despesas pessoais e da família. Analise quais custos podem ser evitados ou reduzidos.
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Negocie com fornecedores
Outra dúvida é quanto ao fornecimento de insumos e mercadorias. Em muitos casos o pedido já foi feito, mas não há previsão de recebimento. Em outros, a entrega já foi realizada, porém o pagamento está pendente.
Bem, se você não aceitou a mercadoria, não há obrigatoriedade de pagamento. Neste caso, é possível negociar a devolução e postergar a entrega.
Priorize os pagamentos dos insumos que você já recebeu. Lembre-se: a situação está difícil para todos, então nós temos que ter bom senso. Precisamos continuar fazendo negócios e estabelecer novos contratos.
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Remarque suas entregas
O bom senso também é bem vindo nas entregas que ficaram pendentes.
Ligue para seus clientes e remarque. Não suspenda. Quando a crise passar, isso fará com que a economia continue girando.
Dependendo do produto ou serviço oferecido, você pode pensar em alternativas como hora marcada e agendamento individual – seguindo todas as recomendações do Ministério da Saúde, claro.
Empreender é ter proatividade. Portanto, repense seu negócio, ofereça soluções para o seu cliente. Para evitar cancelamentos, uma boa ideia é entregar um benefício a mais, o que também pode ajudar a diminuir o estoque.
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Negocie o aluguel
Como nós estamos vivendo uma calamidade pública, qualquer tipo de contrato pode e deve ser repactuado. Assim como você, o proprietário é um empreendedor enfrentando a crise do coronavírus.
Confira nota da ACP quanto ao aluguel de lojas.
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Repense seu planejamento trabalhista
Em um momento como este, como gerir a equipe?
O mais indicado é, se possível, incentivar o home office, que inclusive está previsto na CLT, conforme a Lei n° 13.467/2017.
Utilize o WhatsApp e outras tecnologias, como os sistemas de gestão ERP, para manter todos os setores e colaboradores integrados.
Entretanto, quando o home office não é possível e o colaborador faz parte do grupo de risco, o ideal é afastá-lo.
Férias coletivas talvez não sejam a melhor solução. Obrigatoriamente, elas são concedidas após consultar o sindicato. Mas, hoje, não temos tempo para isso. Além do mais, o fluxo de caixa também precisa ter uma boa margem para concedê-las, pois implicam no pagamento de um salário mais 1/3.
Caso seu o caixa esteja preocupante, forme um banco de horas. Isso significa que você estará pagando o funcionário para ele trabalhar depois. Pense no pós-crise. Reúna o RH e o jurídico e reveja seu planejamento trabalhista.
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Redesenhe o atendimento
Provavelmente, quando o comércio voltar a operar, muitas condições serão impostas. Serviços terão que se reinventar quanto a higiene e a saúde. As que estiverem mais adaptadas às novas condições sanitárias, sem dúvida sairão na frente.
Logo, revise seu atendimento. Quando a epidemia terminar, o mercado estará exigindo novas formas de atender, agir e negociar. Sua empresa precisa estar preparada!
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Fique de olho nos tributos
Já surgiram alentos do INSS e Simples Nacional a respeito da transferência de datas de pagamentos de impostos. Porém, ainda não se sabe se serão suficientes, especialmente às pequenas empresas. A Medida Provisória precisa ser validada. O que se sabe é que, em relação a possíveis afastamentos, o dinheiro advém do Fundo de Amparo ao Trabalhador.
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Capte recursos apenas quando necessário
O Banco do Brasil e a Caixa reforçaram suas linhas de crédito em R$175 bilhões. O BDNES deve entrar com R$100 bilhões adicionais, segundo informações do Ministério da Economia.
Quase metade das linhas de crédito do BB serão destinadas às empresas.
O Banco Central também tomou providências, reduzindo os juros pela 6ª vez seguida.
A Caixa adiará por 60 dias o prazo para o pagamento de dívidas.
Bancos e instituições financeiras estão oferecendo crédito e renegociação de dívidas a PMEs.
Estas notícias são ótimas, mas são soluções a curto prazo. Como não sabemos quando a crise irá terminar, estes recursos precisam ser utilizados com sabedoria.
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Conquiste mais clientes
Pode parecer estranho falar em prospecção, mas mesmo em tempos de crise a economia precisa girar.
A prospecção qualificada de clientes é uma ótima alternativa, pois facilita a identificação de pessoas físicas e jurídicas com real potencial de compra.
Se você possui muitos clientes inativos, enriqueça sua base para retomar contato e continuar vendendo.
Encontre novas oportunidades
Enquanto alguns empreendedores se desesperam diante de uma crise, outros encontram nela novas oportunidades.
Este é um momento de reflexão. Aproveite o seu tempo em casa para repensar sua marca, seu produto e sua estratégia. Encontre novas formas de fazer negócio.
Um bom vendedor é aquele que aproxima o cliente. Ele está sempre disposto a ouvir e aconselhar. Conhece os melhores caminhos, dá atenção, orienta… E as novas tecnologias estão aí para empoderar a sua equipe!
Capacite seu time, ofereça ferramentas adequadas, explore novas possibilidade de comunicação.
Para manter o fluxo de caixa saudável, avalie as contas a pagar e a receber dos próximos 30 dias. Negocie com fornecedores e clientes se a sua situação é preocupante.
Quando a crise do coronavírus passar, alguns setores terão uma recuperação mais rápida que outros. Logo, elabore um planejamento para o pós-pandemia.
Fique de olho no presente, nas notícias que, a qualquer instante, podem mudar completamente as dinâmicas comerciais.
Acompanhe os acontecimentos para tomar decisões melhores e reavaliar, diariamente, o seu negócio.
Para apoiar os empreendedores nesse período instável, a ACP coloca-se ao lado de seus associados. Dúvidas e sugestões podem ser encaminhadas para o comitê permanente da ACP através do telefone (41) 3320-2929 ou pelo e-mail comitecovid19@acp.org.br
Este artigo foi publicado em 20/03/2020, considerando as notícias e medidas federais, estaduais e municipais decretadas até a data.