A crise desencadeada pelo coronavírus impactou fortemente a economia. Todos os negócios foram expostos às oscilações, especialmente as micro, pequenas e médias empresas.
Se empreender é ter resiliência, devemos, então, repensar nossa atuação no mercado para encontrar novas oportunidades.
Enquanto alguns segmentos registraram uma queda brusca no volume de vendas, outros ampliaram a sua atuação. Supermercados, farmácias e entregas delivery são os mais comentados. Entretanto, outros setores também estão com alta procura.
É por isso que nós precisamos ficar de olho no comportamento do consumidor, a fim de encontrar novas oportunidades de negócio.
Mudanças de comportamento
Em meio à pandemia, os brasileiros reforçaram suas compras de medicamentos e alimentos, assim como itens de higiene. Água, refeições prontas e produtos de limpeza também entraram na lista.
Mas, mesmo antes do primeiro caso confirmado no Brasil, os consumidores já se precaveram. Segundo relatório da ABComm, compras online de medicamentos e itens de farmácia subiram 111% entre 24 de fevereiro e 18 de março. No mesmo intervalo, o setor de beleza e perfumaria (que inclui higiene pessoal), teve alta de 83%. Supermercadistas cresceram 80%, englobando alimentos, bebidas, higiene e limpeza.
Em poucas semanas o comportamento dos consumidores mudou – e a tendência é continuar mudando. Por isso é tão importante conhecer os seus clientes. Todo perfil de consumidor possui medos, desejos, anseios… antecipar essas necessidades é o que garante a sobrevivência de uma empresa.
Mas, não pense que tudo seus clientes precisam é álcool em gel. Além dos itens citados acima, muitos outros produtos são requisitados.
Segmentos que cresceram durante a crise do coronavírus
Aplicativos de delivery
Mais de um terço da população mundial está de quarentena. Para evitar sair de casa, muitos consumidores estão comprando pela internet.
O Rappi, por exemplo, registrou um aumento de 30% no número de pedidos.
Para minimizar os efeitos da crise, muitos bares, cafés e restaurantes adotaram os aplicativos delivery como parte de sua estratégia de vendas.
eCommerce
O comércio online também cresceu expressivamente. Segundo a ABComm as compras pela internet dispararam 40%. Analisando setores específicos, a Konduto apontou um aumento de 643% no e-commerce de brinquedos e 187,90% em artigos esportivos. Veja levantamento completo.
Plataformas de trabalho remoto
Com o avanço do trabalho remoto, a demanda por soluções inteligentes para integrar as equipes de trabalho subiu.
Empresas de tecnologia especializadas em conferências virtuais, eventos online e comunicação digital estão cada vez mais requisitadas.
Segundo a SEMrush, a procura pelo Zoom Communications, plataforma de vídeo chamadas, aumentou 50% entre 16 e 23 de março. Já o Slack, sistema de mensagens, o volume de buscas deve aumentou 71%.
Exercícios em casa
A SEMrush também detectou um crescente interesse por exercícios em casa. O volume de pesquisas na internet por esse tema aumentou 70% em um mês. A demanda por yoga online registrou um aumento de 66%.
A indicação de muitos médicos é continuar praticando atividades físicas, mesmo dentro de casa. Por isso, muitos instrutores estão utilizando as redes sociais e outras plataformas para dar continuidade aos treinos de seus alunos.
Educação
Em todo o mundo, cerca de 290 milhões de crianças e jovens estão sem frequentar a escola por causa da pandemia.
Para dar continuidade às atividades curriculares, alguns países estão adotando estratégias de educação online. A China criou uma plataforma nacional de ensino à distância, por exemplo.
Aqui no Brasil, muitas instituições estão disponibilizando cursos online – inclusive gratuitos.
É o caso do Senai, que está oferecendo 12 cursos grátis com certificação.
O Senac também disponibilizou cursos gratuitamente. Assim, como a FGV, que liberou acesso para 55 cursos.
Seguindo este modelo, as instituições não apenas exercitam seu papel social, como também se aproximam da comunidade. A oferta de cursos online pode ser porta de entrada para novas matrículas.
Jogos eletrônicos
Durante a quarentena, a indústria de games também está crescendo. Jogos online como o Fortnite e o Free Fire, estão experimentando um aumento no número de jogadores nos últimos dias. O motivo? Além de distrair e entreter, estes games promovem uma conexão social.
Em entrevista para o Meio & Mensagem, Tiago Xisto, CEO da equipe de e-sports Vivo Keyds, comenta: “Além de jogar, essa audiência adora assistir às livestream dos seus influenciadores favoritos”.
As comunidades de jogadores também organizam seus próprios campeonatos, fortalecendo o senso de coletividade. “Neste contexto, existe um impacto social e psicológico muito importante já que as pessoas jogam interagindo com outras também conectadas, uma grande válvula de tensão e stress nesse momento de isolamento e incertezas”.
Influenciadores
A pandemia também gerou especulações quando as mídias que seriam afetadas pelo isolamento social. Para suprir a necessidade de informação e entretenimento, criadores de conteúdo na internet apostaram em novos formatos, como transmissões ao vivo.
Segundo a Squid, que é especialista em marketing de influência, houve um aumento de 24% na taxa de engajamento dos criadores de conteúdo e 27% no alcance do Stories no Instagram.
Houve também um aumento de 60% na procura por ações com influenciadores. Eles foram procurados por empresas de limpeza, higiene pessoal, alimentos, bebidas, delivery e varejo online.
Em sinal de apoio aos pequenos produtores, influencers estão fazendo campanhas gratuitas.
Clubes de assinatura
Entre os segmentos para apostar durante a crise do coronavírus, podemos apontar os clubes de assinatura.
Nessa modalidade, o cliente recebe todo mês, pelo Correio, produtos de seu interesse.
É possível encontrar no mercado uma grande variedade de caixinhas, que vão desde produtos coloniais, livros, cafés, vinhos, cosméticos e produtos para pets.
Os clubes de assinatura já movimentam mais de R$1 bilhão por ano no Brasil. A Deloitte realizou uma pesquisa e constatou que, entre as gerações de consumidores, os millennials são os mais propensos a adquirir esse serviço.
Nos últimos 4 anos, este modelo de negócios cresceu 167% no país, de acordo com a ABComm. Atualmente, existem 800 empresas em atividade neste segmento.
Plataformas streaming
Em termos de tendências de tráfego online, os maiores serviços de streaming tiveram um aumento significativo.
De acordo com a SEMrush, as pesquisas pelo Disney+ cresceram 43,5%. Pela HBO 24%. O Netflix 18%.
Como contornar a crise
A pandemia do novo coronavírus não transformou apenas os fluxos de trabalho. Nossos hábitos de consumo, momentos de lazer, autocuidado e estudo também foram influenciados. Até mesmo nossas relações pessoais tiveram que se adaptar.
Tamanha mudança, colocou em risco a existência de muitas empresas. nesse caso, temos duas saídas:
Acelerar a criação de novos produtos e serviços, ou adaptar nossos negócios à nova realidade.
É fundamental que as instituições analisem seus produtos e serviços porque, daqui para frente, o comportamento dos seus clientes não será mais o mesmo.
A McKinsey & Company, referência mundial em pesquisas de tendências, afirmou que a preferência dos consumidores passará por uma grande transformação após a pandemia.
Veja:
Quem não comprava online está precisando comprar.
Quem frequentava a academia, agora precisa treinar em casa.
Logo, precisamos colocar o consumidor no centro das decisões.
Do que ele precisa?
Onde ele está conseguindo isso?
Como podemos alcançá-lo?
Perguntas como essa devem fazer parte das discussões sobre qual caminho seguir.
Em momentos de adversidade como esse, sobrevivem as empresas que se adaptam mais rápido.
A ACP está a disposição para apoiar os empreendedores do Paraná nesse período instável. Dúvidas e sugestões podem ser encaminhadas para o comitê permanente da ACP através do telefone (41) 3320-2929 ou pelo e-mail comitecovid19@acp.org.br