O dinheiro vai acabar? Provavelmente. Novas tecnologias transformam o comportamento de consumo e impulsionam o “escambo 2.0“.
Moedas e papéis já estão sendo substituídos por meios eletrônicos de pagamento – inclusive no Brasil.
Em paralelo, o movimento paperless (“sem papel”, em tradução livre) ganha força. Aqui a ideia é eliminar a papelada rotineira das empresas, estimulando as instituições a entrarem de vez na era digital. No universo financeiro, as transações sem dinheiro em papel são chamadas de “cashless”.
Pode ter certeza: essas tendências não são passageiras e, cedo ou tarde, vão impactar o seu negócio. É melhor você se preparar.
Escambo 2.0
A primeira moeda surgiu em Roma, 211 anos a.C. Antes disso, as trocas eram diretas, ou seja, na base do escambo. Trocava-se 1kg de batatas por 1kg de peixe, um punhado de milho por um punhado de trigo e assim por diante.
Mais tarde, com o desenvolvimento do comércio, surgiram as moedas-mercadoria, isto é: itens com um valor intrínseco. O gado e o sal (que deu origem a palavra salário) eram os mais utilizados.
O escambo 2.0 é baseado nessa mesma ideia. Nesse contexto, o mercado não é ligado ao dinheiro, e sim a recursos não monetários, que movimentam a sociedade com um preço definido de acordo com a sua necessidade.
O cartão australiano Batercar, por exemplo, utiliza a capacidade ociosa de estabelecimentos e serviços pessoais para gerar crédito. Já o aplicativo Liven incentiva os usuários a desbravarem bares, cafés e restaurantes. O pagamento é feito pelo celular e você recebe “liven cash” de volta.
As vantagens do movimento cashless
Se o dinheiro vai acabar, como isso pode ser interessante para os consumidores e para os lojistas?
Os maiores benefícios de uma sociedade sem papel moeda são:
- Impacto ambiental positivo: a cada ano o Banco Central recolhe e destrói mais de uma tonelada de cédulas rasgadas, amassadas, grampeadas e rasuradas. O Instituto Reciclar transforma as cédulas descartadas em papel reciclado, mas, se o dinheiro em papel não existisse, não teríamos mais esse problema;
- Redução de custos: Fazer dinheiro custa dinheiro. Para produzir R$1 mil em cédulas de R$100, o gasto é de R$322,26. A mesma quantia em moedas de R$1 custa R$467,70 para o Estado. Isso mostra que boa parte do valor é perdida no processo de produção. Analistas do mercado financeiro acreditam que não faz mais sentido manter uma estrutura cara como esta;
- Mais segurança: o dinheiro em espécie é alvo de ladrões e oportunistas. Sua remoção pode contribuir para a redução de assaltos, falsificações e outros crimes;
- Maior eficiência: métodos digitais e pré-pagos diminuem as filas e o tempo de espera para a realização de transações financeiras;
- Aumento das vendas: quando um estabelecimento não aceita cartões e outros meios eletrônicos, muitas pessoas desistem da compra. Portanto, possuir ao menos uma opção de pagamento digital pode contribuir para o aumento das vendas;
- Apoio ao eCommerce: O movimento casheless também beneficia o eCommerce. No Brasil, as projeções para 2019 indicam um aumento de 16% em relação ao ano anterior. Se você ainda não possui uma loja virtual ou vende em um marketplace, precisa pensar no assunto.
O movimento Cashless pelo mundo
O Canadá lidera o ranking mundial de transações financeiras sem dinheiro. 57% das operações são “cashless”. Em segundo lugar está a Suécia e em terceiro o Reino Unido.
Em 2016, a Índia tirou de circulação notas de 500 e 1.000 rúpias. A medida visava combater a corrupção, o mercado negro e a evasão de divisas. As cédulas retiradas correspondiam a 85% do dinheiro em movimentação.
O Banco Central da China quer criar sua própria criptomoeda. Em 2018, Zhou Xiaochuan, presidente da instituição concordou que o dinheiro em espécie se tornará obsoleto.
Entre 2014 e 2015, as operações sem dinheiro vivo cresceram 11% e movimentaram cerca de R$433 bilhões na economia global. O grande catalisador dessa mudança foram os pagamentos mobile (realizados pelo celular).
O dinheiro vai acabar no Brasil?
A Federação Brasileira dos Bancos (Febran) não tem previsão de quando o papel-moeda deixará de ser utilizado. Apesar disso, ela entende que os canais digitais estão ganhando cada vez mais espaço. Uma pesquisa realizada pela entidade mostrou que o número de transações financeiras digitais subiu de 4,4 bilhões, em 2017, para 5,3 bilhões no ano seguinte.
Dados da Abces também reforçam o potencial dessa tendência. Segundo a instituição, no terceiro trimestre de 2018, as compras com cartões de crédito, débito ou pré-pagos cresceram 14,7% em comparação ao mesmo período de 2017.
Tais índices são muito expressivos. Ainda assim, 96,1% dos brasileiros preferem o papel-moeda, de acordo com o Banco Central. A preferência é cultural e mesmo países desenvolvidos, como a Alemanha, também compartilham do mesmo gosto.
Cases nacionais
As novas tecnologias diminuem a necessidade do dinheiro vivo, possibilitando o surgimento de novas formas de pagamento pelo celular ou computador.
Um bom exemplo é o Nubank, maior banco digital independente do mundo. Com 12 milhões de clientes, a fintech não possui agências, não cobra qualquer tipo de anuidade ou tarifa de manutenção. Seu valor de mercado, hoje, equivale a US$ 420 milhões.
O PicPay também vale ser mencionado. O aplicativo de pagamentos, lançado em 2012, funciona como uma espécie de “carteira eletrônica”. Com ele, você pode transferir valores para outras pessoas e pagar suas contas. Não há cobranças de juros ou taxas para contas pessoais. Entretanto, o limite de recebimento é de R$800,00 por mês.
Outra iniciativa muito interessante é o programa “Cidades do Futuro“, liderado pela Visa. Em parceria com emissores, credenciadores, estabelecimentos comerciais e prefeituras, a Visa que incentivar a migração para pagamentos online.
De olho no futuro
Como vimos, os meios de pagamento online estão, pouco a pouco, fazendo parte do dia a dia dos brasileiros. Não podemos afirmar quando o papel-moeda vai acabar por aqui, mas certamente o Brasil acompanhará a tendência mundial.
Seu negócio precisa estar preparado para isso. Comece avaliando se vale a pena vender no cartão. Depois, estude maneiras de integrar loja física e eCommerce. Você também pode vender seus produtos em marketplaces e apostar em meios alternativos de pagamento digital.
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